Marcelo diz que é um "pica-balões" para tentar "controlar preventivamente" os acontecimentos

 


O Presidente da República lembra que as maiorias absolutas têm poder no Parlamento, mas estão sempre sujeitas à "realidade social, económica e psicológica".

Marcelo Rebelo de Sousa é um Presidente "pica-balões". Quem o diz é o próprio, numa longa entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no Expresso.

O chefe de Estado considera que a intensa agenda e que e as múltiplas declarações que faz - "todas intencionais" - têm como objetivo "picar balões":

"Tenho uma responsabilidade acrescida, que justifica até, às vezes, aquilo que alguns consideram uma sobre-exposição, que é estar lá a picar o balão e a controlar preventivamente a evolução dos acontecimentos, numa altura em que pode resvalar rapidamente."

A maioria absoluta, aponta Marcelo, tem um poder limitado: permite votar leis, mas não controla a aplicação das mesmas, sujeitas à "realidade social, económica e psicológica".

"Pode haver maiorias absolutas no Parlamento e fenómenos na rua que fogem à maioria absoluta (...) E nós nas democracias, há muito tempo, estamos muito emocionais, muito pouco racionais."

Sobre António Costa, o Presidente afirma que está em "total" sintonia com o primeiro-ministro em termos de política externa. "Nem sei bem como é possível haver um PR que não se entenda bem com um primeiro-ministro numa matéria que a Constituição reparte entre os dois. Na política de defesa e na política externa têm de se entender a 100%. Não pode ser a 50%, 60% ou 70%", diz.

Marcelo Rebelo de Sousa confia que António Costa vai permanecer chefe de Governo até ao final do mandato: "No discurso de posse foi muito claro quando disse que estava para cumprir o mandato e eu, que o conheço desde os 19 anos de idade, acho que o que ele disse é para levar a sério."

Nesta entrevista ao podcast "Deixar o Mundo Melhor", o Presidente da República também falou sobre o estado atual do PSD. Sublinhando que não deve fazer comentários a partidos, nota o esforço de Luís Montenegro para tentar federar os sociais-democratas, ainda que não a 100%.

"Testemunhei que foi feito um esforço como não se via há muito tempo no PSD. Não é total, não é a 100%, mas um esforço muito grande de federar pessoas que andavam desavindas ou separadas há muito tempo."

"O PSD tinha uma característica, que bem conhecemos: podiam andar à bofetada e havia sempre alternativas a si próprio, mas na hora da verdade unia-se. E isso deixou de existir a partir de certo momento.

Sobre a Presidência, Marcelo assume-se "cada vez mais só em Belém", e aponta a pandemia como o fator que o "obrigou" a candidatar-se a um segundo mandato. Não vai ter saudades do Palácio de Belém, assegura.

TSF Rádio Noticias.

Deixe seu comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem