"Em caso de emergência" de redução "voluntária" de 15% no consumo de gás "vai tornar-se obrigatória"

 













A Comissão Europeia propõe corte de 15% no consumo de gás, a partir de agosto. Meta "vai tornar-se obrigatória", no caso de "uma emergência".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen admite o racionamento "obrigatório" do consumo de gás, no caso de "uma emergência". A presidente da Comissão falava esta quarta-feira, na apresentação do plano de Bruxelas focado na "redução" do consumo de gás na União Europeia.

As medidas que contam com a colaboração "de todos", desde a indústria aos consumidores domésticos, visam uma "redução de 15%" no consumo total de gás, já a partir de 1 de agosto, para garantir "um inverno seguro".

"Quanto mais rápido agirmos, mais poupamos, e mais seguros estaremos", afirmou a presidente da Comissão, justificando a urgência de um plano que para já assume um carácter voluntário, dependendo das circunstâncias.

"Por agora, os 15% são o desejável. É uma meta voluntária. Mas, no caso de estarmos numa emergência, então o objetivo vai tornar-se obrigatório", admitiu a presidente da Comissão Europeia, que está a trabalhar a contar com a possibilidade de um corte "abrupto e unilateral" do abastecimento do gás proveniente da Rússia.

Reconhecendo que a medida é exigente, numa altura em que "os Estados-Membros já estão a fazer imenso" para reduzirem o consumo de gás, Von der Leyen detalhou que o corte "de 15 por cento" no consumo, "é o equivalente a 45 mil milhões de metros cúbicos de gás".

"Com esta redução conseguiremos atravessar um inverno seguro, no caso de um corte total do gás russo", garantiu.

Solidariedade

O risco é agravado, em particular, para 12 países da União Europeia que dependem por "completo ou parcialmente" das importações de gás natural russo

Estados-Membros como a Bulgária, Finlândia, a Polónia e principalmente os países do Báltico já deixaram de receber gás russo, e o abastecimento foi substancialmente reduzido para Alemanha, Dinamarca, Itália e Países Baixos. A expectativa é que Vladimir Putin continue "a utilizar a energia como arma", disse Von der Leyen, acrescentando, que "a Rússia está a chantagear-nos através da energia".

Von der Leyen reconhece que outro Estados-Membros, como seria o caso de Portugal, não dependem tanto do gás russo. Mas a chefe do executivo comunitário alerta que "uma crise de gás no mercado único, - a casa das máquinas -, vai afetar cada um dos estados membros na União Europeia".

Por isso, apela à "solidariedade" entre os países, considerando "importante que todos os Estados-Membros contribuam para a poupança, armazenamento, e esteja preparado para partilhar gás com os países vizinhos, em caso de necessidade".

Preços

Nos últimos meses a Europa tem assistido a níveis recorde dos preços da energia, numa altura em que as importações da Rússia caíram para menos de um terço, quando comparadas com o volume médio de gás russo que chegava à Europa no período dos últimos cinco anos, de acordo com os dados da Comissão Europeia.

As medidas hoje propostas pela Comissão Europeia são idênticas às propostas para combater o aquecimento global, mas dirigidas à "economia" de energia. Os governos europeus deverão avançar com campanhas nacionais dirigidas às famílias para estimular a poupança de gás através da diminuição da temperatura do aquecimento nas habitações. Os edifícios públicos, escritórios e comércio não deverão exceder os 19 graus.

Carvão e nuclear

Os Estados-membros deverão poder escolher de forma "temporária" se pretendem utilizar outras fontes de produção de eletricidade, por exemplo, recorrendo ao uso de "carvão" e aos geradores "nucleares".

Bruxelas espera que estas medidas possam ser levantadas o mais rápido possível, para que as metas do clima não sejam comprometidas.

Dependência

Bruxelas pretende o reduzir em dois terços as importações de energia russa até ao final do ano e libertar-se gradualmente da dependência energética da Rússia, através da diversificação das fontes de abastecimento, da constituição antecipada de reservas de gás, e, principalmente, através da redução da dependência dos "combustíveis fósseis".

O plano surge numa altura em que se adensam as preocupações perante a interrupção do abastecimento do gasoduto "Nordstream 1", através do qual chegam cerca de um terço das importações de gás russo para Europa. O fluxo de gás tem estado bloqueado devido a "problemas de manutenção", de acordo com as justificações da empresa russa de energia Gazprom.

O presidente russo, Vladimir Putin respondeu ontem, durante uma visita a Teerão, que a solução para os problemas do fluxo de gás para a Alemanha passa pela abertura do "Nordstream 2", o gasoduto construído quase paralelamente ao "Nordstream 1", mas que não chegou a ser inaugurado, como medida de resposta à invasão russa da Ucrânia.

TSF Rádio Noticias

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