Sri Lanka: milhares invadem residência oficial do presidente


 

Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do presidente do Sri Lanka neste sábado (9). O governante Gotayaba Rajapaksa deixou o local minutos antes da invasão. O episódio é o ápice da insatisfação popular com o atual governo: o país passa por uma grave crise econômica, com inflação a 30%, falta de combustíveis, gás de cozinha e desabastecimento de alimentos. Diante do desencadear dos fatos, o primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, renunciou.


É a segunda renúncia ao cargo em menos de dois meses. Em maio, o ex primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa, irmão de Gotayaba, também deixou a posição. Os irmãos são apontados como os principais responsáveis pela crise social e política no país.


Segundo as agências de notícias internacionais AFP e Reuters e a televisão local, os manifestantes estavam “em fúria”. O palácio estava cercado por um esquema de segurança feito por militares, que já haviam instalado na sexta-feira (8) barreiras para evitar a invasão. De acordo com o jornal português Publico, Rajapaksa se mantém como presidente do país e está sob proteção das Forças Armadas em um local secreto.


No protesto, segundo informações da Reuters, ao menos 39 pessoas ficaram feridas, entre essas 2 policiais, e foram hospitalizadas. Canhões de água, gás lacrimogêneo e tiros para o alto foram usados para dispersas os manifestantes, mas a multidão seguiu no local. Além dos vídeos que circulam nas redes sociais que mostram o momento da tomada do palácio, há outros que mostram as pessoas na parte interna, com manifestantes nadando na piscina presidencial.


O primeiro-ministro Wickremesinghe convocou uma reunião de emergência, segundo a agência de notícias AFP, para definir uma resolução rápida antes de deixar o cargo. Em seu perfil no Twitter, ele escreveu que aceitou a recomendação de líderes do partido para propor um governo que tenha a participação de todas as legendas, “para garantir a segurança de todos os cidadãos”.



O que motiva os protestos da população na ilha de 22 milhões de habitantes ao sul da Índia é a pior crise econômica desde a independência do país do Reino Unido, em 1948. O Sri Lanka está quebrado. A inflação está há meses em patamares altíssimos e atingiu 54,6% em junho.


Há escassez de combustíveis e as lojas estão com as prateleiras vazias. Em abril, o país decretou moratória, ou seja, notificou os credores de que não tem mais recursos para seguir pagando o que deve, o que dificulta novos empréstimos internacionais.


Especialistas apontam uma política desenfreada de aumento de gastos públicos com programas sociais e redução de impostos como motores da inflação crescente e do endividamento do governo.


Nexo.


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