Em semana de "risco máximo", Costa faz paralelismo com a pandemia e avisa: "Não há incêndios se a mãozinha humana não provocar"

 


Governo carrega ao máximo na responsabilidade individual: se antes a população devia usar máscara, agora deve evitar fazer lume e usar máquinas em espaços rurais. Costa faz périplo sobre incêndios.

Prevenir, prevenir, prevenir. E carregar na responsabilidade individual. Foi esta a mensagem que António Costa optou, esta segunda-feira, por passar, ao traçar um paralelo entre os tempos mais agudos da pandemia e a atual situação de “risco máximo” de incêndio, durante um périplo desenhado precisamente para chamar a atenção para o combate aos fogos.

Em Coimbra, ladeado pelos ministros da Administração Interna (José Luís Carneiro) e Ambiente (Duarte Cordeiro), antes de visitar a  Sala de Operações e Comando da Unidade de Emergência da Proteção e Socorro da GNR, Costa disse e repetiu: o primeiro passo para evitar fogos é garantir que não há comportamentos de risco como os que a lei — agora com a situação de contingência ativada — visa prevenir. Até porque, argumentou, “só não há incêndios se a mãozinha humana não provocar o incêndio — portanto temos de evitar o incêndio”.

Por isso, defendeu o primeiro-ministro, é preciso “contar acima de tudo com todos e cada um de nós”: “Perante a gravidade da situação meteorológica previsivelmente até domingo é fundamental todos terem o máximo de cuidado”.

E recorreu a um paralelismo com a pandemia para carregar nos apelos à responsabilidade individual: “Quando a pandemia nos atingiu todos sabíamos que podíamos contar com o melhor dos profissionais de saúde. Mas sabíamos que a primeira forma de evitar era a máscara, o distanciamento, para nos protegermos. Aqui é a mesma coisa”, explicou, acenando com uma máscara — sendo que agora a prevenção não passa por usar máscaras, mas por “ninguém fazer lume nem trabalhar com máquinas agrícolas”.

Por isso, mesmo depois de ser questionado insistentemente pelos jornalistas sobre os meios de resposta de que o país dispõe — e que são, garantiu, incomparavelmente melhores do que os que existiam em 2017, na altura dos fogos de Pedrógão — frisou sempre o mesmo ponto: “O país pode ter todos os meios do mundo, com estas condições meteorológicas extremas qualquer descuido de qualquer fagulha desencadeia um enorme incêndio. Haver mais meios em nada diminui a responsabilidade que todos temos”.

A situação de grande gravidade que se vive esta semana, com riscos meteorológicos sérios, tem sido enfatizada pelo Governo. Desta vez, Costa falou num momento de “risco máximo” e “condições extremas”, que com “uma chamazinha, um ventozinho”, criarão condições para novos incêndios.

As declarações de Costa marcaram o primeiro momento de um percurso que o primeiro-ministro está a fazer, e que também passará esta segunda-feira por Lousã e Viseu, para verificar os meios e recursos de combate no terreno.

António Costa trocou, de resto, a viagem oficial que estava prevista a Moçambique por este périplo, para se assegurar de que está presente numa altura que o Executivo já descreve como mais complexa do que a do verão de 2017. Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, aliás, fazer o mesmo e cancelou a viagem a Nova Iorque, onde estaria presente num encontro da ONU.

Observador.

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